O debate sobre os efeitos da Inteligência Artificial (IA) no panorama da guerra é amplo. No que diz respeito a um conjunto vasto de questões, o problema do uso da IA pelos exércitos levanta problemas semelhantes aos que o seu desenvolvimento e uso levanta em outros domínios e há consenso de que, tal como nesses outros domínios, não há nada de ilegal (ou não deve haver nada de ilegal) nesse desenvolvimento e uso. O mesmo não se pode dizer das questões associadas às Armas Autónomas Mortíferas (AAMs). Já em Novembro de 2012, a Human Rights Watch (uma das organizações de direitos humanos mais reconhecidas a trabalhar na área do direito da guerra), em colaboração com International Human Rights Clinic da Harvard Law School, lançou um relatório sob o título Losing Humanity: The Case against Killer Robots, defendendo a ideia de que deve existir uma proscrição das AAMs. Imediatamente, tal relatório recebeu a atenção crítica de académicos reputados no campo do direito da guerra e, desde então, o debate no meio intergovernamental, no espaço público e no mundo académico e científico tem sido intenso. Recentemente, as opiniões divergentes ganharam acrescida saliência internacional com adopção pela Human Rights Watch (e pela Campaign to Stop Killer Robots, “uma coligação global da sociedade civil” coordenada pela Human Rights Watch) de uma proposta mais concreta para a celebração de um tratado que proscreveria as AAMs, proposta esta apoiada por um número não irrelevante de estados. O objectivo deste Artigo é a exposição e escrutínio crítico das razões que sustentam tais propostas.