No ensino-aprendizagem duma língua estrangeira salienta-se, a par da aquisição das competências gramaticais, a necessidade do desenvolvimento de competências pluriculturais do público-aprendente. Tal como revelam os dados retirados do Projeto A framework in Portuguese as a Foreign Language for Chinese Native Speakers financiado pela Universidade de Macau (MYRG2014-00045-FAH), os aprendentes chineses não valorizam muito o papel da competência sociocultural, dando mais importância à aquisição dos conhecimentos da língua como realização da sua forma linguística. Isto constitui também um motivo para explicar dificuldades de aprendizagem do português como língua estrangeira (PLE) ou algumas falhas na comunicação (oral ou escrita), aspetos complexos devidos principalmente à falta de transparência das representações simbólicas que a língua-alvo contém. 
Neste contexto, a comparação com a língua materna dos aprendentes tem um papel relevante, particularmente, quando se recorre à tradução como estratégia de comunicação na realização de tarefas de ensino-aprendizagem duma outra língua. Seguindo o exposto, o presente texto procura mostrar como o conhecimento já adquirido na língua materna (linguístico ou do mundo) é relevante para facilitar a aprendizagem duma língua estrangeira, visto que a apreensão dos novos conhecimentos é dependente da natureza e da forma do conhecimento anterior de cada um, sendo os novos conhecimentos moldados por estes últimos. 
A tradução é fundamental como elo mediador entre os conhecimentos linguísticos e culturais e o desenvolvimento da competência comunicativa em língua estrangeira. O nosso trabalho investiga o papel da língua materna na tradução de expressões conotadas socioculturalmente na língua-alvo (LE), no sentido de favorecer a compreensão das mesmas e o desenvolvimento da competência comunicativa do público-aprendente chinês que se encontra num ambiente de não imersão linguística.