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Status已發表Published
Redes Sociais e Atitudes Linguísticas: o Caipirês no Meio Acadêmico
Roberval Teixeira-e-Silva1; Maria Célia Lima-Hernandes2; Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida2
2012
Source PublicationHistória do Português Paulista
Author of SourceManoel Mourivaldo Santiago-Almeida; Maria Célia Lima-Hernandes
PublisherCampinas, SP : Instituto de Estudos da Linguagem / UNICAMP
Pages485-497
Other Abstract

Um dos temas relevantes para se conhecer, num primeiro momento, uma comunidade linguística tem sido aquele que privilegia o foco de atenção no discurso de avaliação de falantes em direção ao outro. Crenças e atitudes – traços identitários (Hall, 2006) – delimitam o estatuto de falares e de línguas no mundo todo.

As crenças e atitudes, no entanto, podem envolver ou se aproximar de outras componentes que permitem depreender a atitude linguística. Segundo Gómez Molina (1998, apud Aguilera 2008:106), elas podem ser organizadas em três dimensões: a cognoscitiva refere-se à "consciência linguística, crenças, estereótipos, expectativas sociais (prestígio, ascensão), grau de bilinguismo, características da personalidade"; a afetiva baseia-se em juízos de valor denunciados pela variedade dialetal ou pelo acento, mas, ainda, por informações relativas à etnicidade, lealdade, valor simbólico, orgulho, os quais permitem reconhecer o sentimento de solidariedade com o grupo; e a conativa é entendida como “a intenção de conduta, o plano de ação sob determinados contextos e circunstâncias".

As três dimensões permitem-nos reconhecer atitudes linguísticas, no entanto, alguns conceitos que as configuram se sobrepõem de tal modo que se confundem e podem provocar problemas metodológicos. Outros, no entanto, são bons instrumentos de análise porque permitem categorizar traços atitudinais na fala dos sujeitos da pesquisa. Lo que percebemos ocorrer com a junção dos fatores consciência lingulatica e traços de identidade, os quais permitem tratar de aspectos atinentes à etnicidade e ao sentimento de pertencer a um grupo. A análise desses fatores, em uma região multilingue, como Macau, permite entender questões como a decisão de se querer ou não aprender determinada lingua, de se comunicar ou não em determinada lingua. Na região da cidade de São Paulo, em contrapartida, essa análise permite compreender a decisão de se accitar a variedade dialetal caipira como uma lingua de respeito, A variedade caipira assume, a depender do estatuto social de quem avalia, uma condição de respeito ou de subestimação, É o que demonstra Lima-Hernandes (2007, 2009) com a transformação da elite paulistana.

Estudos como os de Lambert (1967, apud Fernández, 1998) a respeito do status de usuários em função da lingua utilizada associaram prestigio sociolinguistico a alto grau de escolaridade. Labov (1972) relata processos de rejeição social em Nova Iorque e em Martha's Vineyard relativos a falares de prestigio. Aquí, apropriamo-nos do conceito de prestígio, porém desvinculado desses indices tradicionalmente usados, Preferimos tratar de prestígio como um efeito de mudanças sociais a partir do olhar valorativo do outro, uma vez que a presença ou ausência de prestigio contribui para desenhar a dinâmica das comunidades de fala.

A abordagem teórica assumida permite afirmar que, no discurso de qualquer sujeito, está inscrita a história da sua comunidade e que, como já demonstrado por Menandro et alii (2005), com base em Bauer (2002), todo material discursivo contém em si expressos "valores, normas, preconceitos, estereótipos, conflitos, atitudes, concepções ou representações" acerca do outro, do seu comportamento, do tema tratado e mesmo da situação interativa em si. Nesse sentido, analisar a fala do outro é uma estratégia metodológica produtiva no estudo de atitudes linguísticas.

Em um contexto de grande ruptura sociocultural em processo como foi o da fundação de uma universidade de bases internacionais, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, a apreensão da atitude linguística do falante pode ser um dado importante para se delimitar a comunidade de fala com maior precisão. Alguns fatos sustentam essa ideia. 

O primeiro foi o deslocamento fisico de um um grupo. No caso de São Paulo, a chegada de professores estrangeiros para a constituição de cátedras na recém-criada USP; o segundo foi o deslocamento de grande massa de jovens vindos da região interiorana do estado de São Paulo (os ditos caipiras) para estudar e permanecer na cidade de São Paulo por pelo menos cinco anos. O terceiro, decorrente dos dois primeiros, é o aparecimento de uma liga urbana composta, num primeiro momento, pelos professores estrangeiros intermediando as relações entre a elite paulista e os caipiras, novos habitantes da cidade.

Language葡萄牙語Portuguese
ISBN978-85-62641-07-7
Document TypeBook chapter
CollectionFaculty of Arts and Humanities
DEPARTMENT OF PORTUGUESE
Affiliation1.Universidade de Macau (China)
2.Universidade de São Paulo/CNPq (Brazil)
First Author AffilicationUniversity of Macau
Recommended Citation
GB/T 7714
Roberval Teixeira-e-Silva,Maria Célia Lima-Hernandes,Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida. Redes Sociais e Atitudes Linguísticas: o Caipirês no Meio Acadêmico[M]. História do Português Paulista:Campinas, SP : Instituto de Estudos da Linguagem / UNICAMP, 2012, 485-497.
APA Roberval Teixeira-e-Silva., Maria Célia Lima-Hernandes., & Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida (2012). Redes Sociais e Atitudes Linguísticas: o Caipirês no Meio Acadêmico. História do Português Paulista, 485-497.
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